Complience, inclusão,  ética e sustentabilidade são algumas das dimensões bastante presentes, teorizadas e discutidas em todos os “manuais de instruções” […]

Ética e Governança Moral dos Homens Maus

Complience, inclusão,  ética e sustentabilidade são algumas das dimensões bastante presentes, teorizadas e discutidas em todos os “manuais de instruções” para boas práticas de governança corporativa de quase todas as organizações do planeta, pública ou privada.

Em relação às considerações pertinentes a sustentabilidade, tanto para as organizações que se limitam ao tripé tradicional do modelo ESG – governança econômica, social  e ambiental – quanto para as que buscam ir além desse modelo e adicionam as dimensões cultural e espacial, propostas por Sachs, assumem um desafio muito maior, principalmente no atrasado e “conservador” ambiente negocial brasileiro onde, parece, que o heterismo estrutural luta com unhas e dentes para se manter como cultura corporativa dominante, intocável e, pior ainda, inquestionável e irrevogável. O heterismo, considerado como originário da Grécia clássica, mas que se encontra presente em quase todo o velho testamento cristão, foi definido por  Engels, como um “sistema” característico do patriarcado,  concertado pela elite econômico-militar para prática aberta  de relações extraconjugais dos homens com escravas e mulheres não casadas, independente da vontade daquelas mulheres. O heterismo, desde o inicio, se impôs como prática de dominação sexual masculina a partir da posse de uma posição hierárquica privilegiada, principalmente econômica que, atualmente, pode-se incluir muitos CEO de grandes bancos e corporações.

De início, qualquer política organizacional que seja pautada por algum modelo de gestão sustentável resume-se à dimensão ÉTICA em todas as suas relações: ambiental, social, humana, feminina, das minorias e caminhando até o nível subatômico da matéria invisível.  A dimensão ética se impõe como única opção para aqueles que pretendem salvar o planeta, a civilização e os organismos humanos que neles habitam…

Eu particularmente não acredito que a maioria das empresas que afirma condicionar suas atividades pela ótica da sustentabilidade o façam por amor ao planeta ou às pessoas que só têm este planeta pra ganhar a vida. Veja os casos do Banco da Brasil, Petrobrás e Vale. Ainda, verifica-se que a maioria delas trabalha muito mais para reduzir possíveis danos ambientais tendentes a impactar negativamente em suas próprias cadeias de suprimento do que buscar soluções que produzam melhorias permanentes na vida das pessoas em sua volta, exceto, através da filantropia social, que tem sido um meio de baixo custo para melhorar a imagem social da organização.

Organizações comprometidas com a sustentabilidade pautam-se, acima de tudo, pela ética, e não pelo resultado a qualquer custo, como costumam afirmar em seus mapas de valores vencidos. Sendo a ética uma dimensão humana, ela começa, destina-se e se estabelece nas relações humanas continuadas, indistintamente. Ainda, a ética espiritual cristã, defendida por Jesus, é muito mais humanista do que racionalista-utilitarista (Bentham, Mills, Smith) ao afirmar que o ponto máximo da realização humana é simplesmente amar os outros indistintamente…

A imoralidade envolvendo o escândalo recente com o presidente da Caixa Econômica Federal, um caso denunciado entre milhares de outros ocultados, por si só, o reprova como líder e gestor no primeiro degrau das competências necessárias para governança corporativa, assim como, nos princípios básicos da ética cristã. Contudo, ele poderá servir como ponto de partida para que o quinto Objetivo de Sustentabilidade das Nações Unidas – empoderamento feminino – não sirva apenas para dar mais poder gerencial às mulheres, mas também, para afastar os heteristas das gestão de qualquer negócio em que suas ações se destinam muito mais a conseguir mais uma ejaculação para si, do que um orgasmo completo para o planeta.

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