Os sons de batidas na porta, todo dia 30 de cada mês, fazem os moradores da comunidade da Fé 3, […]

Moradores denunciam criminosos por cobrança de serviços na zona leste de Manaus

Os sons de batidas na porta, todo dia 30 de cada mês, fazem os moradores da comunidade da Fé 3, na zona Leste de Manaus, ficarem apreensivos. São criminosos que cobram uma taxa de R$50 reais. O grupo ameaça moradores, controla serviços básicos dentro da invasão.

Há cerca de cinco anos, sem terras invadiram uma área verde do bairro Colônia Antônio Aleixo, e rapidamente moradias precárias, construídas em sua grande maioria por famílias pobres, se multiplicaram e avançaram sobre a floresta.

De acordo com moradores, com a inexistência de serviços públicos na área, um traficante identificado Lenon Oliveira do Carmo, conhecido como “Bileno”,  começou a executar um ambicioso esquema baseado no fornecimento clandestino de água encanada e energia elétrica, para extorquir os moradores da comunidade da Fé 3.

“Bileno” ficou conhecido pelo seu envolvimento nas mortes registradas no Complexo Penitenciário Antônio Jobim (Compaj), em janeiro de 2017, quando 56 detentos foram brutalmente assassinados. Entretanto, ele acabou sendo preso no ano passado, no Ceará, depois de fazer cirurgia plástica para tentar enganar a polícia.

Após a captura do líder, o grupo passou a ser coordenado pela irmã dele, identificada apenas como “Gilmara”, e pelo seu cunhado, conhecido como “Canindé”. Os dois administram as finanças do esquema. André, outro integrante da milícia, é o responsável por recolher a taxa exigida aos moradores da comunidade.

“Quando é dia 30, o André bate aqui, diz que veio buscar o dinheiro, e não quer saber se a gente tem ou não. Se não pagarmos, ele corta logo a luz e a água, e ainda nos ameaça, diz que vai tomar a casa, é bastante agressivo”. O desabafo é de uma moradora da área, que falou, sob a condição de anonimato, temendo sofrer represália.
Além da taxa fixa de R$50, cobrada pelos fornecimentos de água e luz, os milicianos exigem valores adicionais, pontualmente, para supostas obras extras.

“Tem ocasiões em que um morador que não pagou as taxas sai de casa para trabalhar, e, quando volta, encontra a sua residência interditada pelos milicianos, com uma placa orientando a procurar a ‘administração’ para quitar os débitos”, detalhou um rapaz, que também reside no local.

Os efeitos econômicos causados pela pandemia do novo coronavírus agravaram ainda mais a dramática situação de moradores da comunidade da Fé 3. Desempregados, eles ficam por dias seguidos, e até semanas, sem o fornecimento dos serviços básicos.

“Eles [os milicianos] não se importam se a gente falar que está desempregado ou que a situação está difícil. Eles exigem o dinheiro de qualquer jeito. Eu já cheguei a ficar vários dias sem energia, porque não tinha como pagar a taxa, estou sem trabalhar desde o início do mês”, contou uma moradora.

 

Deixe um comentário