Me peguei pensando na representação do medo no cotidiano das pessoas, nas decisões, nas palavras e nas atitudes. A conclusão […]

O Medo

Me peguei pensando na representação do medo no cotidiano das pessoas, nas decisões, nas palavras e nas atitudes. A conclusão foi obvia, o medo domina e determina o caminho da maioria das pessoas.

É bom lembrar que não falo do “Medo”, que é irmão do “Terror” e filho de “Ares”, falo talvez do que levou o imaginário humano a representar um sentimento através de um Deus, da necessidade de justificar o motivo de um poderoso guerreiro fugir de um campo de batalha, alegando não sentir medo, mas culpando o Medo, o Deus, afirmando que este incutia esse pavor através de um poder divino.

Parece claro que o medo está presente na vida, toma forma e modifica as atitudes, afinal, quantas pessoas não tem coragem de tentar uma vida diferente por medo?

Quantas não se arriscam a mudar de emprego, mesmo que este consuma toda sua vitalidade?

Quantas não se permitem sair de uma relação doentia por medo das consequências?

Quantas deixam de denunciar as injustiças e quantas são coniventes com o mal por puro medo?

Por outro lado, também não é o medo que evita que se cometa muitas imprudências?

Não é pelo medo que muitas vezes sobrevivemos a perigos iminentes?

Que muitos deixam de cometer crimes em razão das consequências?

Então, como sopesar o sentimento, entender o limite e descobrir quando o medo é bom ou quando é mera covardia?

Seria uma presunção criticar as decisões que influenciam a vida de outrem e, certamente, não é o objetivo aqui, busco apenas uma reflexão sobre o tema que afeta a vida de tantos, certamente a sua também.

Nesse passo, durante a história da humanidade podemos afirmar que muitos Reis mataram pessoas queridas por medo de perder o poder e muitas guerras foram travadas por aqueles que temiam seus inimigos, mesmo que esses nem sempre representassem um perigo real, o medo exagerado evolui para a neurose.

Por outro lado, muitos bons homens deixaram de contribuir com a evolução da humanidade por medo de tentar, por receio de enfrentar os poderosos, afinal, como diria o eterno Raul Seixas: “Eu não sou besta para tirar onda de herói”.

E aí chegamos ao cerne desse debate, somos governados por aqueles que não tem medo, e essa ausência de medo muitas vezes não está relacionada a vontade de fazer o bem, porque, por certo, quem não tem medo nenhum é capaz de fazer muitas coisas, a ausência total de medo pode levar o homem a praticar os mais vis atos contra seus concidadãos.

Por que raios alguém resolve escrever sobre um tema desses?

Quando pensei nesse tema foi motivado por uma conclusão: as melhores pessoas que eu conheci, as mais justas, as mais idealistas e, possivelmente, as mais honestas, se negam a entrar na política, e muitos deles, se lerem esse texto, certamente ficarão ofendidos, mas o motivo sempre é o mesmo, o medo.

Logo, se a maioria dos melhores tem medo, e digo assim em face de acreditar que existem alguns bons políticos com as características citadas, o que sobra para comandar a política?

Nós, o povo, podemos até modificar  nossa atitude perante a vida, mas principalmente, o que devemos é  incentivar aqueles bons homens que estão ao nosso redor, seja uma jovem idealista ou um senhor experimentado, a criarem coragem de nos representarem e admoesta-los que o espaço deixado pelos homens de valor tem sido ocupados por aqueles que não tem medo de aparecer nos noticiários e em séries da Netflix, nem muito menos rir, em rede nacional, de escarnecer da vontade de seus eleitores.

É com base nessa experiencia, sem medo de errar, que chego a seguinte conclusão: o medo é muito mais perigoso que a coragem!

Eis que á dizia William Shakespeare:

“Os covardes morrem várias vezes antes da sua morte, mas o homem corajoso experimenta a morte apenas uma vez”.

*Bruno Diniz de Carvalho é administrador, Advogado e Especialista em Direito Público pela LFG.

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