O Amazonas vive o seu pior momento na segurança pública. Nos últimos anos, o avanço do tráfico de drogas e […]

Ronda no Bairro: o fracasso que deseja retornar como solução em novo formato

O Amazonas vive o seu pior momento na segurança pública. Nos últimos anos, o avanço do tráfico de drogas e das facções criminosas que comandam tal prática, transformaram Manaus em uma das capitais mais violentas do país, algo extremamente preocupante.

Estamos no período eleitoral, e diante do clima generalizado de insegurança, novas propostas vêm sendo apresentadas, enquanto outras – que já provaram ter sido um verdadeiro fracasso desde que foram implantadas – voltam a se apresentar como solução. Quem não se lembra do milionário programa Ronda no Bairro que não deixou legado algum para o povo?

O fracasso do programa é visível pelo simples fato de o Amazonas estar vivenciando um aumento significativo de violência nos últimos anos. Segundo o Atlas da Violência, publicado nesta semana pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública no Anuário 2018, os números de homicídios saltaram de 699 no de 2006 para 1.452 em 2016.

As mortes violentas intencionais, no período correspondente entre os anos de 2014 a 2017, permaneceram em níveis altos com pequenas variações: foram registradas 1.201 mortes violentas intencionais em 2014 (31,0 por 100 mil) e 1.271 (31,3 por 100 mil) em 2017. Ainda conforme a edição, os homicídios dolosos em 2014 foram 1.108 (28,6 por 100 mil) e 1.119 em 2017 (27,5 por 100 mil).

Essas taxas estão próximas à taxa de homicídios brasileira de 26,9 por 100.000 habitantes registrada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública no Anuário 2018. Os patamares altos persistem nos casos de roubo e furto de veículos, que saltam de 4.433 (586,6 por 100 mil) em 2014 para 8.139 (767 por 100 mil) em 2017. Ou seja, um aumento de 63,8%. O mesmo pode ser verificado no tocante aos latrocínios, que saltaram de 45 (1,2 por 100 mil) em 2014 para 76 (1,9 por 100 mil) em 2017 configurando um incremento de 61% na taxa.

Sistema prisional

Observa-se um aumento, ainda, em relação à população prisional do estado, que totalizou 11.074 pessoas presas em 2017. Os presos cumprindo pena no sistema penitenciário saltam de 7.874 em 2014 para 10.277 em 2016, dos quais 60,6% são provisórios.

O número de detentos em custódia nas polícias permanece estável com ligeiro acréscimo de 756 em 2014 para 797 em 2016. A relação de preso/vaga apresentou grande crescimento de 2014 a 2017, pois saltou de 2,5 para 4,7 presos por vaga em quatro anos. As precariedades do sistema prisional no estado foram explicitadas, nacional e internacionalmente, com a rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (COMPAJ) que deixou 56 mortos no início do ano de 2017.

Ronda no Bairro

Implantado no governo de Omar Aziz (PSD), senador e candidato ao cargo de governador do Amazonas nas eleições de outubro, o Ronda no Bairro não correspondeu ao esperado e resultado foi que o Estado ficou ainda mais violento na última década.

Os números divulgados pelo Atlas da Segurança demonstram claramente que as políticas voltadas para a área de segurança pública fracassaram. Para as eleições deste ano, o candidato do PSD planeja executar, caso eleito, o Ronda Total, baseado no ‘suposto sucesso’ do programa inspirador, o Ronda no Bairro.

Ao que tudo indica, esse será um tiro no pé, e no pé do povo. Até quando vamos viver à mercê de políticas públicas meramente eleitoreiras, que não resolvem e ainda casam rombos estratosféricos nos cofres do Estado? Segurança, educação e saúde são temas que só podem ser debatidos por pessoas sérias e comprometidas com o bem estar social.

Num momento em que a população amazonense se encontra amedrontada por conta do imenso clima de insegurança, não se pode tratar temas tão importantes com objetivos mesquinhos e egoístas. A busca incessante por poder tem deixado feridas que não cicatrizam no povo.

É cruel brincar com a esperança de nossa gente. Precisamos de políticas que resolvam, de propostas que apontem para outras alternativas e encaminhe nossa juventude para o caminho do bem, da cidadania, da vida digna e da prosperidade, estruturada na educação de qualidade, na ética e em princípios que valorizem a prática do bem comum.

*Este artigo contém informações do Blog do Pávulo e do Atlas da Violência

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